Oficina do Correspondência Poética no Sacolão das Artes.
sexta-feira, 14 de março de 2014
terça-feira, 16 de julho de 2013
Naruna Costa recita Da Paz de Marcelino Freire
Naruna Costa recita Da Paz de Marcelino Freire
Da Paz
Eu não sou da paz.
Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.
Uma desgraça.
Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para onde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquele ator?
Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.
Não vou.
A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.
A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.
Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou. Não vou.
Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?
Hein?
Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Ai que dor! Dor. Dor. Dor.
A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. A paz é que é culpada. Sabe, não sabe?
A paz é que não deixa.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Balão
Vai balão. Voa alto.
Deixa pra trás o chão
Vagando por mil lugares
Sobre terras, sobre mares.
Vai, pois tu podes e eu não.
Vai. Destinado. Soberano.
Sob o céu, sobre o oceano.
Voa alto, deixa pra trás o chão.
Vai, pois tu podes e eu não.
Siga firme, oh! Rei das alturas.
E por onde passares, assimile as culturas
Pois quando voltares cheio de saber
Estarei pronto
Para contigo aprender.
Vai, mas volte, meu amigo
Pois quem vai, um dia vem.
Se voltares acredito
Que tu podes e eu também.
Serginho Poeta
Poema do Livro
Donde Miras - Dois Poetas e um Caminho.
terça-feira, 14 de maio de 2013
O
Coletivo Correspondência Poética tem o prazer em convidar a todos os
interessados a participarem da nossa OFICINA DE PRODUÇÃO DE PAPEL
RECICLADO que terá início na próxima terça-feira(21/05) e funcionará de
segunda a sexta-feira das 14:00 as 17:00 (Se houver interessados podemos
fazer algumas no fim de semana) e irá até terça-feira dia(11/06).
Para mais informações: 98631-2671(falar com Alisson da Paz) ou correspondenciapoetica2010@gmail.com
Local: Rua Manoel Bragança, 114, Jd. São Luiz
sexta-feira, 3 de maio de 2013
O poeta Caco Pontes lança o livro “Sensacionalíssimo”
Sidarta
O filho do Brahma
chutou o pau da barraca
pediu Nova Schin
porque tava Mahabarata
--
O poeta Caco Pontes lança o livro “Sensacionalíssimo”, pelo selo Edições Maloqueirista, em que é membro e articulador, em parceria com a Editora Kazuá.
O título do livro se deve à abordagem temática que faz sátira a manchetes sensacionalistas, com humor ácido, apostando na fusão do poema com micro-narrativas, levando prefácio de Marcelino Freire e orelha de Xico Sá.
As inspirações passam por jornalismo gonzo e tabloides pinga sangue (como o clássico Notícias Populares), trazendo à tona uma série de absurdos da natureza humana, com ilustrações de Rômulo Alexis e projeto gráfico de Victor Meira, numa proposta visual que utiliza de colagens, pixações, sobreposições e texturas psicodélicas.
O autor fará caravana de lançamentos por diversos saraus no mês de maio:
Sarau do Burro (07/5)
A7MA - Rua Harmonia, 95 - 20h
Sarau da Cooperifa (08/5)
Bar do Zé Batidão - Rua Bartolomeu dos Santos, 797 - 20h
Zap Slam (09/5)
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos - Rua Dr. Augusto de Miranda, 786 - 20h
Récita Maloqueirista (11/5)
Biblioteca Alceu Amoroso Lima - Rua Henrique Schaumann, 777 - 19h
Sarau do Binho (13/5)
Espaço Clariô - Rua Santa Luzia, 96 - 20h
Sarau Suburbano (14/5)
Rua Treze de Maio, 70, 2o. andar - 20h
***
terça-feira, 23 de abril de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Funeral
A vida é mesmo pouco, muito, muito pouco. Vejá só. O bicho sei lá como é que se enroscou tropeçou, mas caiu, é... caiu de papo, estirado, durinho da silva numa ponta de ferro, que deu no papo do bicho, abrindo caminho, dando na testa, fodendo-lhe o rosto todinho.
Ah mas se isso num é lá jeito de morrer, morreu, taí encaixotado o bichinho menino.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Correspondência Poética por Rodrigo Ciríaco
Correspondência Poética por Rodrigo Ciríaco
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ensaio
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
FÊNIX DIVISADA
Um camaleão cego muda também de cor,
porque a sobrevivência é algo de pele.
Um cão resiste à fome por oito dias,
porque a sobrevivência é algo de pelo.
Um felino amarga uma quinzena sem presa,
porque a sobrevivência é algo de garra.
Uma ave aguarda semanas o esgotar da chuva,
porque a sobrevivência é algo de pena.
Um peixe se molda a todo sal do planeta,
porque a sobrevivência é algo de brânquia.
Um camelo sorve a água depois do deserto,
porque a sobrevivência é algo de boca.
Um morcego se esconde no fundo do escuro,
porque a sobrevivência é algo de sangue.
Um urso entra em transe no gelo dos polos,
porque a sobrevivência é algo de espera.
Um homem se reinventa por sob os escombros,
porque a sobrevivência é algo de eterno.
(Anderson de Oliveira-03-07-12 Belo Horizonte-MG)
porque a sobrevivência é algo de pele.
Um cão resiste à fome por oito dias,
porque a sobrevivência é algo de pelo.
Um felino amarga uma quinzena sem presa,
porque a sobrevivência é algo de garra.
Uma ave aguarda semanas o esgotar da chuva,
porque a sobrevivência é algo de pena.
Um peixe se molda a todo sal do planeta,
porque a sobrevivência é algo de brânquia.
Um camelo sorve a água depois do deserto,
porque a sobrevivência é algo de boca.
Um morcego se esconde no fundo do escuro,
porque a sobrevivência é algo de sangue.
Um urso entra em transe no gelo dos polos,
porque a sobrevivência é algo de espera.
Um homem se reinventa por sob os escombros,
porque a sobrevivência é algo de eterno.
(Anderson de Oliveira-03-07-12 Belo Horizonte-MG)
andersonoliveira2002@yahoo.com.br
domingo, 25 de novembro de 2012
Oficina de Reciclagem de Papel no Recifran
O Coletivo Correspondência Poética estará realizando a oficina de recignificação do papel do dia 22/11 até o dia 11/12 no Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem – Recifran, segue as fotos da primeira oficina que trata de: A escrita antes do papel, A história da criação do papel, o papel como plataforma de difusão de conhecimento, o papel e a imprensa, recignificando o papel.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
EU PENSAVA QUE A TERRA REMENDAVA COM O CÉU
No meu pensamento de antigamente,
Quando eu era menino,
O mundo, eu pensava
Que era que nem tocaia,
A terra remendava com o céu.
O sol,
Eu pensava que eram muitos,
Passando dias e dias.
A noite,
Eu pensava que era que nem fumaça,
Porque quando o sol ia embora,
A noite vinha cobrir o mundo.
O céu,
Eu pensava que era que nem ferro,
Nunca acaba.
A chuva,
Eu pensava que era alguma pessoa,
Que morava no céu e derramava água.
A água,
Eu pensava que eram alguns bichos grandes,
Esturrando em cima do céu.
O homem,
Eu pensava que só nós mesmos vivíamos,
Só nós mesmos, o povo Kaxinawá.
A língua,
Eu pensava que todo mundo falava
Na nossa língua mesmo, o Kaxinawá.
Um dia, eu vi um branco chegando na nossa casa falando diferente.
Mas eu pensava que quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá.
Um dia, eu fui viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o ceú.
Nós íamos descendo o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra remendada com o céu.
Meu pai me disse que não estava remendada a terra com o céu.
Que o mundo é muito grande e não tem fim…
(Norberto Sales Tene Kaxinawá)
Antologia de Poesia Indígena
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Sou passarinho, por que canto e vôo!
Conto
Um conto
Ponto
A ponto
Desencanto
Canto
No canto
Só pra
Desafinar
Desalinhar
Des
Atar
Atazanar
Alinhavar
Vá
Voar
Eu vou...
Na linha,
por Luiza Helena Novaes
http://luluzinhagorda.blogspot.com.br/
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Errânsia
sei que errei
errei com 'h' maiúsculo
e sempre que te ver
vou estar errando.
e usar gerúndio
fora do lugar
não é nada
frente a um coração
que tropeçou
ao conjugar o verbo amar
(Macalé)
errei com 'h' maiúsculo
e sempre que te ver
vou estar errando.
e usar gerúndio
fora do lugar
não é nada
frente a um coração
que tropeçou
ao conjugar o verbo amar
(Macalé)
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Sacro
Meu costumeiro verso
É sagrado,
Cheio de palavras
De espada,
Que cortam
O vento e o universo
Desfazendo a vida
Em tudo e nada.
(Ana Claudia Marques do livro “O poente, o poético e o perdido”)
(Ana Claudia Marques do livro “O poente, o poético e o perdido”)
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Trabalho
"Trabalho, trabalho,
trabalho , trabalho,
no fim do mês eu não vejo um tostão,
um tostão!"
www.beto-silva.blogspot.com.br
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
...
sonho o dia de parar de sonhar e viver a realidade.
os sonhos não seriam realidade?
realidades vividas e satisfeitas pelos açucares amados:
um sabor de vidas verdes e maduras raizes;
quero viver intensamente,
não só em livros de literaturas.
vai que eu vou.
e se você não for,
eu vou.
(Gil Marçal)
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
PEQUENA JENIFER
Tudo bem pequena
suas flores são serenas
e a árvore perdôa
se lhe arranca as mariposas
A grama geme rindo
num rir-se toda em verde
pequena é tua boca
teu riso nasce imenso
Só tinha dois olhinhos
de amoras coloridas
a roupa cor de rosa
a prosa pouca e tímida
Se pode inventar nomes?
Pra flores pode sim
chamou-as Yasmins
e deu uma pra mim...
Marcus Vinícios
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quinta-feira, 2 de agosto de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
quarta-feira, 20 de junho de 2012
SUBLEVAÇÃO
tão banal
o quintal
desta cidade homicida
acostumada
à infância perdida
no farol fechado
à mulher apanhando
no instante ao lado
à intolerância pisando duro
a esperança no jardim
o negro ofuscado dos olhos
na noite amotinada
dos morros insones
gritando a miséria
que se expande
tão boçal
a chacina matinal
desta civilização branca assassina
militarizando a vida
para perpetuar privilégios
o vermelho amordaçado dos olhos
nas passeatas dispersas
à gás e balas
refazendo-se a cada instante
intermitente
contra a vontade
dos impotentes
em seus tronos de cadáveres
tão vital
a alegria visceral
a graça real
da luta
contra o que apropria
o verde livre dos olhos
no front abrindo prisões
livros e janelas
asas e porões
(Solange Amorim)
terça-feira, 8 de maio de 2012
O TEMPO
O tempo é o mesmo
Mas temos tempos diferentes
O seu tempo nem sempre
Cabe no meu tempo
Há tempos que o meu
e o seu tempo
Esbarram-se
Há tempos que o meu tempo
passa e o seu nem ver
O tempo é mais que a sucessão
de dias, anos, horas
O tempo pode ser um tempo
De sentimentos ou de ausências
Que a ausência fique ausente
E que o sentimento
No seu tempo
No meu tempo
No nosso tempo
Esteja sempre presente
(Luciete Silva)
(Livro: PRIMEIRAS PROSAS - Coletivo sarau da ademar)
segunda-feira, 7 de maio de 2012
A LUA E EU
Lá fora a lua brilha, inspira
Dentro o amor é mel
Na boca saliva o gosto do fel
Lua viva em noite morta, sozinha
perdida em pensamentos...
a dor vem quando tento
inutilmente alcançar o entendimento
Fazendo carícias como um punhal que fere o
peito
Havemos de combinar ó lua que brilha.
Ilumina-me!!!
Declame um poema estilo bossa
Onde eu não fique mossa
e possa
Ressurgir no olhar da alvorada
Linda e brilhante como tu
pra uma nova caminhada
Sem medo e nem rancor
Chega de dor!
Afinal
sou guerreira
mulher preta
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quinta-feira, 26 de abril de 2012
quinta-feira, 5 de abril de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
ABANDONADOS
Tocamos a noite com as mãos,
escorrendo a escuridão por nossos dedos,
massageando-a como a pele de uma ovelha
negra.
Nos abandodamos ao desamor,
ao desânimo de viver coletando horas no vazio,
nos dias que se deixam passar e voltam a se repetir,
intranscendentes,
sem marcas, nem sol, nem explosões radiantes de claridade.
Nos abandonamos dolorosamente à solidão,
sentimos a necessidade de amor por de baixo das unhas,
o vazio de um alicate no peito,
a lembrança e o ruído , como dentro de um caracol
que já viveu bastante num aquário da cidade
e mal leva concigo o eco do mar em seu labirinto de concha.
Como voltar a capturar o tempo?
Colocá-lo entre o corpo forte do desejo e a angústia,
fazê-lo retroceder acovardado
por nossa inquebrantável decisão?
Mas... quem sabe se poderemos recuperar o momento
que perdemos.
Niguém pode predizer o passado
quando talvez já não sejamos os mesmos,
quando talvez já tenhamos esquecido
o nome da rua
onde
alguma vez
pudemos
nos encontrar.
escorrendo a escuridão por nossos dedos,
massageando-a como a pele de uma ovelha
negra.
Nos abandodamos ao desamor,
ao desânimo de viver coletando horas no vazio,
nos dias que se deixam passar e voltam a se repetir,
intranscendentes,
sem marcas, nem sol, nem explosões radiantes de claridade.
Nos abandonamos dolorosamente à solidão,
sentimos a necessidade de amor por de baixo das unhas,
o vazio de um alicate no peito,
a lembrança e o ruído , como dentro de um caracol
que já viveu bastante num aquário da cidade
e mal leva concigo o eco do mar em seu labirinto de concha.
Como voltar a capturar o tempo?
Colocá-lo entre o corpo forte do desejo e a angústia,
fazê-lo retroceder acovardado
por nossa inquebrantável decisão?
Mas... quem sabe se poderemos recuperar o momento
que perdemos.
Niguém pode predizer o passado
quando talvez já não sejamos os mesmos,
quando talvez já tenhamos esquecido
o nome da rua
onde
alguma vez
pudemos
nos encontrar.
(Gioconda Belli do Livro O olho da mulher)
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Olho de Mulher
terça-feira, 13 de março de 2012
Documentário do mapeamento por Renata Grazzini
O projeto Correspondência Poética promove a pesquisa e difusão da Literatura com ênfase na poesia, através da distribuição de pergaminhos feitos em papel reciclado contendo poesias produzidas por autores das periferias do Brasil.
Nossa paixão é a difusão da literatura como formação da cultura. Para isso estamos construindo um curta metragem experimental, cuja narrativa está baseada na construção tecida dos poemas escolhidos para o roteiro.
Das diversas possibilidades fílmicas escolhemos realizar cada poema, de um autor diferente sendo interpretado por uma mulher, atriz, em um espaço diferente na cidade de São Paulo.
Neste evento que estamos produzindo online lançamos os Vídeo Poemas do Projeto Correspondência Poética.
DOCUMENTÁRIO DO MAPEAMENTO
Hoje eu assisti um documentário
você fez
fez até bonito demais
eu estava lá
nós estávamos
nosso passado,
eu assisti hoje
Será que quando fez me fez na cabeça?
Lembrou?
Lembrei.
Falamos de favela,
Bairros,
Habitantes,
Artistas
e periferias
Discutimos
políticas e idéias
vagamos pensamentos e utopias
de um mundo melhor
Queríamos transformar com nossa arte,
nosso foco,
nossas edições
Editamos
Sonhei esta noite com você
Foi feliz o sonho.
Tatiana Monte
Interpretado por Renata Grazzini
na fonte do Parque Ibirapuera
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
De Tantos em Tantos por Naruna Costa
O projeto Correspondência Poética promove a pesquisa e difusão da Literatura com ênfase na poesia, através da distribuição de pergaminhos feitos em papel reciclado contendo poesias produzidas por autores das periferias do Brasil.
Nossa paixão é a difusão da literatura como formação da cultura. Para isso estamos construindo um curta metragem experimental, cuja narrativa está baseada na construção tecida dos poemas escolhidos para o roteiro.
Das diversas possibilidades fílmicas escolhemos realizar cada poema, de um autor diferente sendo interpretado por uma mulher, atriz, em um espaço diferente na cidade de São Paulo.
Neste evento que estamos produzindo online lançamos os Vídeo Poemas do Projeto Correspondência Poética.
TANTOS EM TANTOS
Tantas terras no Brasil
Tantos latifúndios
Tanta comida no Brasil
Tanta fome
Tanta água no Brasil
Tanta seca
Tanta riqueza no Brasil
Tanta miséria
Tanta gente no Brasil
Tanta solidão
Tanta escola no Brasil
Tantos analfabetos
De tantos em tantos
Vamos sobrevivêndo
Só não sei até quando.
Luan Luando
Interpretado por Naruna Costa
No Cristo Redentor de Taboão da Serra
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
TOMAR UM CAFÉ
Se tristeza fosse necessária
Começaria hoje mesmo a comover-me, de tristeza,
Mas comovo-me somente de saudades
Daqueles antigos, que morreram em minha terra
E hoje, como antes, parecem comigo
A arder como fogo em pinha.
E entre os muros erguidos da modernidade,
Somem-se os cantadores da noite.
Os sobressaltos saudosos
Das passarelas de água sobre a sarjeta.
E ando a ver o Ribatejo,
Na cegueira de outrem
Sóbrio, tão sóbrio quanto posso
Para conspirar um conto.
Terra que canta
Que me sobe um tanto além
E canta sempre o Outono,
O velho, o morto,
O outro.
Parti-me em tantos
E hoje perco-me em muitos.
Passou.
(Paulo Antônio Saraiva Pereira Velente)
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terça-feira, 31 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
DA PAZ
Eu não sou da paz.
Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.
Uma desgraça.
Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para aonde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquela atriz? No trio elétrico, aquele ator?
Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.
Não vou.
A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.
A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.
Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. Proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou.
Não vou.
Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?
Hein?
Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, muito menos ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Uma dor. Dor. Dor. Dor.
Dor.
A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. Todo mundo. Mas a paz é que é culpada. Sabe?
A paz é que não deixa.
Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.
Uma desgraça.
Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para aonde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquela atriz? No trio elétrico, aquele ator?
Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.
Não vou.
A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.
A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.
Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. Proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou.
Não vou.
Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?
Hein?
Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, muito menos ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Uma dor. Dor. Dor. Dor.
Dor.
A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. Todo mundo. Mas a paz é que é culpada. Sabe?
A paz é que não deixa.
Marcelino Freire
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Grande Ideia
Não quero que as grandes ideias
mova a grande massa
quero que a grande massa
mova as grandes ideias.
Luan Luando.
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Poema
terça-feira, 8 de novembro de 2011
MORADA
O céu cabe num contrato ?
O sangue, em cartório se lavra ?
O abraço de nenê, que ressuscita
pode ser registrado em patente ?
O mar, majestoso milenar
quem pode tê- lo em protocolo ? Certidão ?
Pode um homem ser dono das estrelas ?
( firma reconhecida ?)
Quem carimbou o chão do mundo ?
Poesia de Allan da Rosa
do livro Morada
com fotografias de Guma
e escritos e Allan.
livro que pode ser baixado no site da edições toró
http://www.edicoestoro.net/nossos-livros/fotopropoe.html
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Allan da Rosa,
poesia periferia
terça-feira, 1 de novembro de 2011
PRAGA
-Pode ir, vai. Pode ir. Um dia tenho certeza que: você vai se arrepender.
Sabe por quê? Eu sou a mulher da sua vida. Você nunca vai encontrar ninguém igual a mim. Ninguém!
-Tomara, " meu bem ". A ideia é justamente essa.
Rodrigo Ciríaco
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Rodrigo Ciríaco
A literatura tá na rua, tá no bar, tá no ponto de ônibus. A literatura tá em movimento, na periferia e na américa-latina toda. A literatura tá falada, tá almada, parece pessoa. A literatura voa em muitas vozes. Se aninha eu muitos corações. A literatura cria a cina de ser ação. Muda a cena. Debate o dilema no refrão. A literatura ta de pé no chão, correndo junto, juntando gente. A literatura mudou traço, foi pra linha de frente. A literatura está resistente. Ta mandigueira. A literatura num ta de bobeira não, jão.
Se liga só no Rodrigo Ciríaco recitando o conto ABC.
AH, MULEQUE-DOIDO!
Se liga só no Rodrigo Ciríaco recitando o conto ABC.
AH, MULEQUE-DOIDO!
Deus é brasileiro. Mas quem manda é o Marcola. É, ele é o patrão. Ah prussôr, eu não vou entrar não. Ele é quem manda. Tá bom, tá bom, já que o senhor insiste. Mas ó, não vou fazer lição. Ah, muleque-doido! Tô cansado. Quatro da manhã ainda era noite, Jão. Só fazendo avião. Depois, o Play 2. Não é mole não. O jogo é bravo. Exige concentração. Que fita que eu tenho? Daquela de tiro. Plá! Plá! Plá! Me imagino tipo com uma sete-meia-cinco. Mas logo mais eu tô com uma automática na mão. É, cê vai ver, doidão.
Ah prussôr, não vou fazer lição não. Não entendo nada mesmo. Tô cansado de ficar só copiando. Num sei lê, num sei escrevê. Contá? Contá eu conto, claro. Trabalho com dinheiro vivo. Se eu não contá quem é que garante a minha mesada? É, a vida é cara. Quem paga meu tênis, minhas roupa de marca? Quem? Pai e mãe num tenho. Já foi. Tudo morto. Só balaço. Mas eu nem ligo. Já cicatrizô. Nem choro. É rapá, homem não chora. Só Jesus chorou. O cara era gente fina, mas ó, muito pacífico. Comigo não, é na bala. Minha vida é na quebrada. E no esquema. Nem olhe pra minha cara. Olhô, plá! Levô tiro.
Quem guia a minha mão é o Marcola. Se eu já matei? Eh prussôr, da missa cê não sabe o terço? Já tenho treze anos pô. Sô bicho solto, bicho feito. Tô enquadrado. É, já tô viradasso. Já paguei até veneno. Um ano na FEBEM. Várias rebelião e o caralho. Tô aqui de L.A., só por causa do juiz. Mêmo assim, num tem quem me segura. Fico pelos corredor, só nas fissura. Dando umas volta, ganhando a fita. Estudá? Só entro na aula do senhor porque o prussôr é gente fina. Mas não estudo não. E só entro de vez em quando. É, não tem mais jeito, Jão. É feio ficar chorando pelo que se rebentô, já se estragô. Tem defeito. Minha vida agora é assim, só no arrebento. Mudá? Só se for de ponto. De vida eu não quero não. Tô bem, prussôr. Valeu a preocupação, satisfação.
Ah, muleque-doido! Ó, tô saindo. Cansei de ficar na sala de aula, na escola, sei lá. Aqui é tudo muito parado. Vou pra rua. Lá que é o barato. É. Lá eu já sou mestre.
conto do livro TE PEGO LÁ FORA,
de Rodrigo Ciríaco - Edições Toró, São Paulo, 2008
(O video acima foi uma realização do Correspondência Poética e do Bloco do Beco em parceria com o Ponto de Cultura MORARTE)
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Poema Inacabável
...pernas em erupção de rosas flamejantes
beijos coagulando saliva melodiosa
gemidos adormecendo no coração das nuvens
seios como luzes irradiando a noite
aromas irreais no esconderijo das pérola...
Mascote.
domingo, 2 de outubro de 2011
Oficina de papel reciclado e convívio literário
Oficina do Correspondência Poética, com uma molecada super especial
cheia de vontade e dispostas.
Num lugar mais do que poético, Fundação Julita, onde
eu fiz minha pré escola.Um lugar onde acredito que se torna inesquecível para
todas as crianças que passam por lá.
Normalmente começamos a oficina pela reciclagem do papel, mas escolhemos um lugar
um tanto propício para falar um pouco de poesia, em frente a biblioteca... E antes de apresentar a literatura que levamos, uma garota buscou um livro lá dentro e disse: posso te mostrar
uma poesia que gosto? claro.( era muito boa a poesia fiquei pensando se num tinha um dedinho do Serginho Poeta que trabalha lá ) rs Mas era mesmo de bom gosto.
Bom tivemos um momento precioso.
Crianças e adolescentes que se deliciaram na polpa do papel se sujaram e consumiram
a nossa poesia como sonho de padaria. Valeu Galerinha !!!
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