Se tristeza fosse necessária
Começaria hoje mesmo a comover-me, de tristeza,
Mas comovo-me somente de saudades
Daqueles antigos, que morreram em minha terra
E hoje, como antes, parecem comigo
A arder como fogo em pinha.
E entre os muros erguidos da modernidade,
Somem-se os cantadores da noite.
Os sobressaltos saudosos
Das passarelas de água sobre a sarjeta.
E ando a ver o Ribatejo,
Na cegueira de outrem
Sóbrio, tão sóbrio quanto posso
Para conspirar um conto.
Terra que canta
Que me sobe um tanto além
E canta sempre o Outono,
O velho, o morto,
O outro.
Parti-me em tantos
E hoje perco-me em muitos.
Passou.
(Paulo Antônio Saraiva Pereira Velente)
1 comentários:
Ele é ótimo! Mais uma poesia que leio do Paulo e fico boba com tanta beleza.
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