Correspondência Poética: Esperemos de Solano Trindade

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Esperemos de Solano Trindade

Esperemos


Eu ia fazer um poema para você

Mas me falaram das crueldades

Nas colônias inglesas

e o poema não saiu



ia falar do seu corpo

de suas mãos

amada

quando soube

que a polícia espancou um companheiro

E o poema não saiu



Ia falar em canções

no belo da natureza

nos jardins

nas flores

quando falaram-me em guerra

e o poema não saiu



perdão amada

por não ter construído o seu poema

amanhã esse poema sairá

esperemos.



Solano Trindade

3 comentários:

Marco disse...

Forte e real.Mas, a dor da perda ou da guerra não pode abafar um poema.Quando a poesia acabar por causa da dor ou da guerra ai acabou-se tudo.Eu aindo acredito na força do poema.É o que sai de dentro de nós.É o mais profundo sentimento expresso numa folha de papel.
Eu,ainda acredito na força de um poema.Quando eu deixar de acreditar é porque o meu fim chegou.

Pandora disse...

Eu sou apaixonada por esse poema, há muito também o publiquei em meu blog!!! Eu tenho certeza que "amanhã esse poema sairá" nenhuma luta é vã!!!

Alisson da Paz disse...

Não há destino em vão, nem contratempo que o tempo não resolva. O poema não morreu, só mudou de destino, quando apontava pro amor, apareceu a guerra, quando apontava pro amor, apareceu a fome, mas ele não se desaponta e acredita no amanhã... Esperemos

Postar um comentário