Correspondência Poética: VIGÉSIMO SEXTO SOL DO DIVÓRCIO

segunda-feira, 19 de julho de 2010

VIGÉSIMO SEXTO SOL DO DIVÓRCIO

A vaidade condiz,
nela propicio meu precipício em princípios,
a primeira mão como a última a aplaudir.

Desaprendi maneiras: educada longa busca,
a arte de expor o sexo alheio aos meus olhos,
e devorar receios nas noites em que os brilhos cegam,
cospem, maltratam.

Quisera ter sido, procurar ou procurando,
nesga de presença que se afasta,
e eu, encostado à parede, com o peito a descoberto.

Se me perguntam com qual cor pintar o corpo,
hei de perceber os dedos intactos,
carne imaculada na multiplicidade de tintas,
orgulho contra paredes em branco,
terreno erguido para que o ator seja homem,
e eu intérprete.

Enquanto estamos de frente,
do alto de um prédio ou do chão trilha passageira,
sussurro a favor do desejo,
mas a resposta são as cabines do banheiro superlotadas.

Chorar no teu ombro sob influência das drogas,
lembrar do que é quadrado: a cama,
a vigésima sexta lua do divórcio,
afinal quem insiste educa uma perda,
protege em silêncio o signo de Capricórnio.


Antônio LaCarne escreve poemas & contos. Assina o blog: http://antoniolacarne.wordpress.com

Poema recebido no email do correspondência, correspondenciapoetica2010gmail.com .

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