tão banal
o quintal
desta cidade homicida
acostumada
à infância perdida
no farol fechado
à mulher apanhando
no instante ao lado
à intolerância pisando duro
a esperança no jardim
o negro ofuscado dos olhos
na noite amotinada
dos morros insones
gritando a miséria
que se expande
tão boçal
a chacina matinal
desta civilização branca assassina
militarizando a vida
para perpetuar privilégios
o vermelho amordaçado dos olhos
nas passeatas dispersas
à gás e balas
refazendo-se a cada instante
intermitente
contra a vontade
dos impotentes
em seus tronos de cadáveres
tão vital
a alegria visceral
a graça real
da luta
contra o que apropria
o verde livre dos olhos
no front abrindo prisões
livros e janelas
asas e porões
(Solange Amorim)
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