Correspondência Poética: SUBLEVAÇÃO

quarta-feira, 20 de junho de 2012

SUBLEVAÇÃO


tão banal
o quintal
desta cidade homicida

acostumada
à infância perdida
no farol fechado
à mulher apanhando
no instante ao lado
à intolerância pisando duro
a esperança no jardim

o negro ofuscado dos olhos
na noite amotinada
dos morros insones

gritando a miséria 
que se expande

tão boçal
a chacina matinal
desta civilização branca assassina

militarizando a vida
para perpetuar privilégios

o vermelho amordaçado dos olhos
nas passeatas dispersas
à gás e balas
refazendo-se a cada instante
intermitente
contra a vontade
dos impotentes
em seus tronos de cadáveres

tão vital
a alegria visceral
a graça real
da luta 
contra o que apropria

o verde livre dos olhos
no front abrindo prisões 
livros e janelas
asas e porões

(Solange Amorim)

0 comentários:

Postar um comentário