Correspondência Poética: Poema do Baltazar do Preto Soul, valeu guerreiro!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Poema do Baltazar do Preto Soul, valeu guerreiro!



O Messias Depois de Cristo

O Messias surgiu
No meio do nada
Uma casa apertada
E um sonho infantil

Sua velha senhora
Mãe de boa cunduta
Sua face não oculta
Tem um nome a zelar

Vê seu filho Messias
Com choro e desgosto
Fazer um verso póstumo
Prá policiais cantar

Na favela em que vive
Sente a fome apertar
Ninguém prá ajudar
Só se vem prá matar

De outro modo seria
Se o amigo Messias
Fosse o nome na lista
Da chique churrascaria

Mas o destino se arma
Poderosos gargalham
Ao saber da noticia
Da quebrada largada

Ontem, ao cair da tarde
Colou uns covardes
De pistola e sabre
Suspirando maldade

E em poucas horas
A alegria de outrora
Transbordou dos olhos
Dessa pobre senhora

Ela sonhou que um dia
O seu filho Messias
Com as graças da Abadia
Criaria sua filha

Destino malvado
Que na mão de fardados
Viu se tudo acabado
Como um cálice amargo

Mas o Messias é grande
Não cobra com sangue
No papel ele abrange
A agonia constante

Muito bom no cordel
Com caneta e papel
Fez um verso duloku
Lá na porta do CÉU*

O CÉU* na terra
É a politicagem itinerante
Apesar das poesias que escrevia
Foi preso como traficante

A periferia sangra à mostra
É bode-expiatório da Cosa Nostra
Hoje o Messias tromba a ROTA
Vira finado e não tem resposta

*Centro Educacional Unificado

Baltazar Honório
(http://mistermussumano.blogspot.com

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