Correspondência Poética: O Encontro de Guilherme Bastos

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Encontro de Guilherme Bastos



Caí feito uma gota de chuva,

Você feito uma folha me amparou,

Fez-me orvalho.

Sinto-me escorregando lentamente para a próxima queda.

Compreende o que você foi para mim?

Como pôde me amparar de tão longe?

Como eu pude cair de tamanha altura logo em cima de você?

Porque não deixou que eu me esborrachasse no chão e fosse rápidamente
sugado para debaixo da terra?

Porque diabos estava plantada naquele exato lugar?

Porque cargas d'água não pediu ao vento que a esquivasse?

Minha vida agora está por um pingo.

Engraçado? Nem um pingo.

Acha que a minha morte será tão bela e curta como um haikai?

Simplesmente... pingar e desaparecer? Não!

Eu resistirei. Me juntarei a alguma poça na rua até que um cachorro velho
venha nos beber.

O pior é que isso também dá um haikai.

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